Wednesday, December 30, 2009

OS SAPATOS DE CAMURÇA

OS SAPATOS DE CAMURÇA


Se eu fosse Elvis Presley, cantava-lhes esta história sobre os meus sapatos de camurça, que me serviram tão bem durante doze anos. Gostei deles pelo menos tanto quanto Elvis dos dele na sua canção "Blue Suede Shoes". Os meus eram sapatinhos até os tornozelos, prateado cinzentos, suaves e confortáveis. Chamávamo-los "spencers" ou "sapatos dos cavadores de ouro". Comprei-os durante o serviço militar na cooperativa de sapaterios inválidos da cidade, quando estava para voltar à vida civil depois de um ano de serviço obrigatório. De facto, eram bem baratos, mas de boa qualidade, feitos à mão - e é também este o tema desta história.
É horrível viajar num país que tem dificuldades para sair da Idade Média, como por exemplo a Índia. Mas é ainda pior viajar num país que voltou à Idade Média devido às suas guerras civis fratricidas, é o caso da Geórgia. O nosso grupo de escritores encontrou o país, que era o oásis da abundância e do excesso, na pobreza da era socialista, num estado de decomposição e apatia totais. O país ficou paralizado. Imaginem por exemplo um camião na estrada. No seu tanque de gasolina exterior havia tanta argila que tinha brotado um canteiro de relva nela. As janelas do autocarro que transportava o nosso grupo de escritores estavam crivadas por balas. Os vidros das viaturas quebrados ou crivados por balas (e notámos muitíssimos) não são consertados neste país, não há dinheiro. A nossa conferência de literatura foi uma das aventuras mais loucas que já vivi num acontecimento deste tipo. Chegámos de todos os países da Europa Central e de Leste graças ao apoio da Open Society Fund mas aí é que as fontes financeiras oficiais acabaram. Durante a conferência ficámos com a impressão que os nossos jovens colegas, os organizadores georgianos da conferência, recusavam qualquer apoio do estado (e um deles era o ex-ministro da cultura do governo antecedente!). Contavam sobretudo com o apoio financeiro dos amigos. Uma considerável parte do forte círculo de amigos, tão típico na Geórgia, foi representada (delicadamente dito) por pessoas ligadas ao mercado negro. O seu apoio à literatura era digno de admiração, mas muito (mais uma vez delicadamente dito) especial. Todos os dias vinha um carro de luxo e a sua tripulação entragava-nos uma caixa de uísque e pacotes de cigarros Marlboro. Aparentemente supunham que eram os combustíveis básicos das nossas discussões e actividades literárias. Tratava-se de um acontecimento semi-oficial, semi-privado e tive que admitir que a Geórgia era provavalmente o único país do mundo onde a máfia local dava tanta importância à literatura. Pelo carácter deste apoio podem presupor que o programa da nossa conferência era imprevisível. Às vezes os organizadores georgianos abandonavam o grupo e nós faziamos os possíveis para cumprir o programa, e na incerteza, esperávamos para ver o que aconteceria a seguir. No terceiro dia da confêrencia, encontrámo-nos numa excursão numa parte do país no cu de Judas. Em estradas horríveis que passavam pelas montanhas escarpadas sem saber o nosso destino. O nosso motorista ignorou as cancelas ocupadas pela milícia armada e só decidiu parar quando perguntei qual era a razão para estarem ali. Os milicianos com metralhadoras em punho explicaram-nos com boa vontade que as cancelas delimitavam as partes da estrada que se encontravam nas mãos da guerrilha local (nem sequer sabiamos que na Geórgia havia uma revolta!) mas de dia não iriam incomodar-nos. Tinha a impressão que mesmo se os rebeldes nos fizessem parar, o nosso motorista iria conhecê-los pelos nomes. Passámos pelas cancelas evitando os buracos nas estradas, mais numerosos que varicela em fase avançada, não dava para avançar mais que cinquenta metros em linha recta. A nossa viagem terminou de repente e sem aviso numa pequena cidade. Os organizadores deixaram-nos e foram tratar de alguns assuntos.
Tirar fotografias é a única actividade para acalmar os nervos de um estrangeiro enquanto espera durante o dia numa praça de uma cidade desconhecida. Tirámos as nossas pequenas máquinas fotográficas automáticas de turistas e crendo que tínhamos uma actividade útil para passar o tempo, começamos a tirar fotografias. Uma barraca chamou a nossa atenção, era uma tenda de madeira com a inscrição "Remont obuvi". Era uma oficina de sapateiro. A barraca em si não era tão interessante como a menina e o cachorro que se encontravam à porta. Ambos sujos e curiosos na sua idade infantil, olhando para nós. Sem dúvida uma fotografia engraçada. Depois de termos tirado fotografias, ouvimos de repente uma voz russa com sotaque georgiano: "Onde está o eslovaco?!"
Esta pergunta é um dos mistérios que vivi e cuja explicação nunca chegarei a saber. De facto, é um verdadeiro mistério, a razão pela qual o desconhecido local me escolheu a mim e como é que soube que eu era eslovaco. Para saber a explicação, fui ter com ele com muito prazer.
Era um homem como os que se podem encontrar na Geórgia, bem como na Índia ou no México. Passam a sua vida em grupos de amigos nas ruas das cidades e aldeias, debatem, bebem chá e observam meticulosamente tudo o que acontece à sua volta. Quando se passar pela rua “deles“, o melhor é cumprimentar respeitosamente toda a gente. À primeira vista não têm um aspecto assustador, mas são eles que influenciam as opiniões das comunidades das ruas. Somos imediatamente avaliados e se não gostam de nós, o melhor é fugir rapidamente. A pior coisa que pode acontecer é precisar de alguma coisa deles ou deles depender de alguma forma. Esta camada das nações pobres representa a mais numerosa base do estado. Suponho, que produzem pouco, mas mesmo assim é aconselhável entendermo-nos bem com eles. Por esta razão a minha conversa com o homem desconhecido começou do pior modo possível. O homem aproximou-se de mim, olhou-me directamente nos olhos e perguntou em voz alta e provocadora:
“Porque é que estás a tirar fotografias de um inválido?!“
Estava metido num sarilho. Na barraca com a inscrição “Remont obuvi“ provavelmente trabalhava um inválido. É muito comum neste ofício. Não o tinha notado, não sabia este facto, mas isso não me podia valer de desculpa. O homem desconhecido tinha a certeza absoluta que tinha o direito de dar uma lição ao estrangeiro e sabia tal como eu, que podia contar com a soliedaridade dos seus amigos da rua. Inválidos e crianças são intocáveis em todos os países. Ai dos estrangeiros que cometam um erro. E eu tinha cometido um (embora sem saber).
Como é de costume nestas situações, os que me deviam ter ajudado, observavam este inesperado teatro silenciosamente à espera do resultado. Os amigos do desconhecido já tinham formado um círculo à nossa volta e escutavam. Cada palavra era importante e eu sabia que podia falar de tudo, excepto do inválido. Isso daria a oportunidade ao homem para dar uma lição, que já tinha preparado, ao estrangeiro arogante, presunçoso e insensível.
“Sabe, caro amigo,“ comecei com cuidado. Na tentativa desesperada de pensar em algo olhei para os meus sapatos, os meus queridos sapatos de camurça, e foi nesse momento que a resposta salvadora me ocorreu. “Tirei a fotografia da sua “Remont obuvi“ porque na minha terra já não há sapateiros.“
“A sério?!“ o homem olhou para mim surpreendido e um pouco desconfiado. Sentia que estávamos a entrar num tema desconhecido e não quis desistir do seu. “A sério, sim! Imagine, no nosso país produzem sapatos de péssima qualidade, nem vale a pena consertá-los. São todos em plástico. Pomo-nos no lixo, quando estão estragados.“
“Ai é?“ o homem ficou encantado. Sempre agrada a estes representantes da opinião local saber alguma coisa de um estrangeiro que lhes dá a sensação de superioridade. Nestes momentos tornam-se benévolos. “A situação no vosso país não deve ser nada boa...“
“É verdade,“ afirmei com muito prazer.
“Onde é que este mundo irá parar,“ o homem continuou a conversa, mas depois, não querendo desistir da possível discussão, voltou ao tom moralizador. “E se tiras fotografias a uma barraca dessas, porque é que não tiras fotografia a um lugar bonito?!“
Indicou a praça em nossa volta onde não havia nada de bonito. Graças ao seu gesto reparei que o grupo dos espectadores, já aborrecido, começava a dispersar. Já tinha ganho, agora era só continuar com os lisangeios: “Quero poupar o filme para as vossas belas montanhas.“
“Ah, sim,“ concordou o homem, “as nossas belas montanhas“. Observou as montanhas distantes com atenção para saber se continuavam tão belas como sempre e depois disse: “Moro aqui perto, anda, vamos tomar vodka...“Quando voltei para casa, com a ênfase heróica, que vem sempre depois do grande medo e final feliz, contei a história à minha esposa. Ela não achou a história, agora já divertida, interessante, mas foi o estado dos meus sapatos de camurça que lhe chamou a atenção.
“Há uma eternidade que usas esses sapatos horríveis! Devias comprar uns novos!“
Nesse momento estava a descalçá-los, e aborrecido, peguei neles:
“Sapatos novos?! Em vez deste último exemplo de honesto trabalho manual indestrutível?!“
Coloquei os sapatos em frente dos olhos da minha esposa para provar o que acabava de dizer. Ela abanou a cabeça omnisciente e antes de me deixar com as minhas ingénuas opiniões disse “Talvez devesses observar melhor os teus sapatos indestrutíveis.“ Olhei para os meus sapatos indestrutíveis e pensei que iria ter um infarto. As solas estavam completamente gastas. Já deviam estar neste estado fatal quando, em frente da “Remont obuvi“ na Geórgia, “lutava“ verbalmente com o homem desconhecido. Mas não desisti. No sapateiro do nosso bairro mandaram-me embora.
“Já não fazemos este tipo de consertos. Consertamos apenas sapatos que se possam colar ou coser. Pode tentar no centro.“
Tentei no centro. Fui a vários sapateiros mas sem êxito. No último foram muito pacientes comigo. A senhora do balcão levou os sapatos e voltou com eles e com um velho sapateiro. O sapateiro pegou nos sapatos, olhou para as solas gastas e anuiu.
“Precisava de tirar estas solas e colocar umas novas. Mas isso já não se faz. Há alguns vinte anos mandaram-nos queimar as formas. O plano socialista do nosso país consistia em produzir tantos sapatos que o conserto já não compensasse.“
Ainda me lembro desse plano futurístico, mas hoje em dia já vivemos no capitalismo. Ou não?
“Bons sapatos“ entregou-mos com pena, “já não se fazem aqui. E não há ninguém neste país que possa consertá-los. Talvez apenas...“
“Eu sei“, disse com conhecimento fatalista, “sei onde podiam consertá-los.“
Fui para casa e coloquei os meus queridos sapatos numa prateleira. Talvez um dia, quando voltar à Geórgia...


Transl. by Jana Marceliová

Wednesday, December 16, 2009

Story in Croatian

In memoriam of my dear friend and publisher of this book Hrvoje Božičevič.
God bless You, Hrvoje. Spomíname na Teba.
Story from recently published book in Zagreb, Edicije Božičevič.
Kako je malen ovaj svijet
MALEN JE SVIJET

Priča iz Meksika


Prije svog prvog putovanja na kongres književnika u Meksiko, o toj zemlji nisam znao ništa. Štoviše, nisam znao ni da se moj kolega tamo nalazi na jednogodišnjem boravku, a kad sam konačno odlučio s njim uspostaviti kontakt, nije djelovalo naročito ohrabrujuće. Na moje faksove nije odgovarao. Kako se kasnije pokazalo, nije ni mogao. Upravo su im bili ukrali faks iz laboratorija. Moj je telegram proračun instituta stajao kao i dvomjesečni troškovi za poštarinu, usto ga nikada nije dobio. Nisam imao njegov e-mail, a pismo sam mu poslao u vrijeme kad je, na temelju svih prethodnih iskustava s poštom, bilo već prekasno.
Usprkos svim običajima upravo je to pismo stiglo tjedan dana ranije, dan prije moga leta. Kolega je odmah nazvao doma, pa smo u posljednji trenutak uspjeli dogovoriti da će me dočekati u zračnoj luci u Mexico Cityju. I tako sam poletio.
Moj kolega savršeno je ispunio zadaću opskrbne postaje na mojem putu u nepoznato. Dočekao me je u zračnoj luci i upoznao me s lokalnim pivom marke Montejo i juhom zvanom pozole. Održao mi je i opsežno predavanje o tome što trebam, mogu i ne smijem, uvečer me posjeo na autobus za Guadalajaru i zaželio sretan put.
Tko je ikada putovao meksičkim noćnim autobusnim linijama, zna da je to luksuz s kakvim se u nas ne možete sresti ni na međunarodnim linijama. Trebalo mi je stoga biti udobno i dobro, ali nije, jer sam noću jurio u nepoznato. A na naplatnim kućicama na autoputu uzduž ceste bile su ne samo vojničke straže, nego i ophodnje čudnovatih civila u pončosima, s naoružanjem u ruci, kao da prelazimo bojišnicu. Do Guadalajare se nisam baš naročito naspavao.
Oko pet ujutro konačno sam se iskrcao na autobusnoj stanici u Guadalajari. Bilo je to mojih prvih dvanaest sati na meksičkom tlu, a od Meksika sam vidio uglavnom unutrašnjost zatamnjenog autobusa. Sada me čekao sljedeći zadatak – taksijem doći do hotela. A to nije tako jednostavno. U takvim situacijama stranac ima dvije brige – da ga ne pokradu pri plaćanju te da ga dodatno ne pokradu pri vožnji. Kolege iz Danske na putu na isti taj kongres operušali su u kasnim noćnim satima usred Mexico Cityja! Mali zeleni taksi s državnom licencom odvezao ih je u sporednu uličicu gdje su ih čekali taksistovi kompanjoni. Zato sam od svog kolege dobio jedan dobar savjet i jedno upozorenje. Dobar savjet da na stanici potražim kućicu s uslugom "Pre-paid taxi". U Meksiku (ali i drugdje, na primjer u Indiji ili Maleziji) imaju pametnu instituciju unaprijed plaćene vožnje taksijem. Priopćite kamo idete, oni vam izračunaju trošak, izdaju potvrdu, a na temelju nje taksi će vas odvesti kamo trebate. Drugu moguću krađu očekivao sam na stražnjem sjedalu rasklimanog taksija, potpuno prepušten sudbini. Okružio sam se prtljagom i u mislima ponavljao oba naučena karate udarca od kojih je jedan navodno smrtonosan, ali neprestano ih miješam. Inače se ne bojim, ali isto tako inače ne gajim iluzije. Kolega me je upozorio da mogu očekivati najgore ako taksist odjednom stane u nekom mračnom parku. I upravo tamo smo završili.
Ulice Guadalajare bile su rano ujutro puste. Dugo smo se vozili, kad taksist odjednom stane uz rub nepoznatog mračnog parka. Brzo sam se osvrnuo s koje će strane napasti. Ali bili smo sami u pustoj ulici. Začuđeno sam pogledao taksista. Nije me odvezao u hotel, pokrao me nije – što taj luđak zapravo želi? Taksistu sam pri polasku natuknuo ime hotela "Plaza del Sol". Taj me je dobri čovjek doista dovezao, ali na trg koji se zvao "Plaza del Sol". Kad mi je međunarodnom gestom pokazao da smo tu, bilo mi je jasno da je nastao još jedan, neočekivani problem. U cijeloj nekolikomilijunskoj Guadalajari jedina mi je orijentacijska točka bio hotel "Plaza del Sol" koji je na nesreću bio imenjak ovoga pustoga trga s parkom. Taksist nije razumio engleski, a ja nisam znao španjolski. Uvjeravam vas da se najnapuštenijim na svijetu – uz druge prigode – osjećate kad vas vlastiti taksist ne razumije. Izaći sa svom prtljagom nije imalo smisla. Nisam imao kamo, a ni drugi taksist ne bi bio ništa pametniji. Taksistu nisam imao što drugo reći, jedino ponavljati "Plaza del Sol". Na to je ljubazno klimao glavom i nudio mi da izađem. U šahu se to zove pat-pozicija.
U jutarnjoj polutami bespomoćno sam se osvrtao oko sebe. U nepoznatoj zemlji i u nepoznatom mjestu, tisuće kilometara od kuće, tražio sam neki oslonac, naznaku, glas s neba koji će mi uliti nadu i ohrabriti me za daljnje korake. I našao sam ga. Uz taksi, na strani na kojoj sam sjedio, bio je dugi niz niskih zgrada koje su činile kraću stranu pravokutnog trga s parkom. Sve su zgrade bile trgovine ili restorani. Sve su bile zatvorene ili mračne. Samo s jedne od njih, upravo s one pred kojom smo stajali, svijetlio je u jutarnjoj polutami veliki neonski natpis, a na njemu je bila tek jedna jedina riječ - SLOVAČKA. Prvo mi se činilo da od nespavanja imam halucinacije. Taj natpis ovamo, kao uostalom nikamo drugamo u svijetu, nije pristajao – bio je naime i napisan na slovačkom. Tamo nije bila engleska SLOVAKIA ili španjolska ESLOVACA, nego doista naška SLOVAČKA. To nije mogao napisati nitko drugi doli neki Slovak koji je davno prije mene ovamo zalutao i očito ne samo preživio nego i sagradio spomen na našu zajedničku domovinu. Pri pogledu na taj neonski natpis shvatio sam da se ovdje jednostavno ne mogu izgubiti.
Onaj hotel nesretnoga naziva "Plaza del Sol" uskoro smo pronašli na suprotnom uglu trga.

Translation: Siniša Habijanec

Wednesday, December 9, 2009

Essay in French VI

NOTRE AUTRE MOI

(PART VI)

Essay by Gustáv Murín

Fins des bonnes intentions

La description la plus pertinente de la relation aux animaux domestiques est le fait du célèbre acteur tchèque Vlastimil Brodsky :

« mon chien Hugo n’a pas l’intention de divorcer d’avec moi, il ne demande jamais combien je gagne. Cet amour m’est tellement voué, qu’aucun amour humain ne le dépasse. Il est plus durable aussi parce que justement il ne peut être rationnel. Le chien est le plus fiable de tous les partenaires. »

Et il est bon de prendre conscience que la population des états développés vieillit. Vers l’an 2000 un citoyen allemand sur trois aurait plus de 60 ans. Au recensement de la population en 2001 dans les Pays Tchèques, sont dénombrés davantage d’habitants de plus de 60 ans (1 883 783) que d’enfants de moins de 14 ans (1 654 869). Très bientôt les 65 ans dépasseront les 15 ans dans la population. Sur l’ensemble de l’Union Européenne les gens âgés qui devraient atteindre les 100 millions, vont inonder l’Europe du troisième millénaire. D’où l’on peut logiquement attendre que le besoin d’animaux domestiques augmente encore. A cela Brodsky ajoute :

« Plus la personne est âgée, plus elle aspire à l’amour, car elle se retrouve seule et chacun craint la solitude. »

A cela il convient d’ajouter que Monsieur Brodsky s’est finalement donné la mort, ce dont son petit chien fidèle Hugo n’a malheureusement pas pu le détourner.

Oui, les rapports humains sont plus complexes et un vieux proverbe chinois disait déjà que « c’est au sein de la famille que nous vivons les drames les pires. Au moment de la retraite on perd le collectif de travail, où nous pouvions parfois nous sentir comme dans une deuxième famille. Les liens avec la famille sont compliqués par les questions d’héritage et le contact se perd aussi d’avec la plus jeune génération des petits enfants qui ne vivent pas sous notre toit dans des foyers multi générationnels comme c’était de règle pendant des siècles. Ainsi l’animal reste par réciprocité une solution logique. Exemple avec la joueuse de tennis très controversée Martina Navratilova qui déclarait « Pour moi, la famille c’est mon chien ».

Cette citation éclaire le grand changement radical, sur lequel nous essayons de vous alerter. Des millénaires durant, les animaux domestiques ont complété la famille humaine, aujourd’hui ils la remplacent. Exemple avec l’ami des bêtes (et de enfants) mondialement connu, qui, à cause de cela, s’est offert tout un jardin zoologique. Vers ses 42 ans le chanteur Michael Jackson dormait avec dix-sept figurines. « Six modèles d’adultes et onze modèles d’enfants, mais tous ont l’apparence d’êtres vivants. » expliquait aux media sa décoratrice Charmian Carre, « Michael aime bien ses poupées, elles lui donnent le sentiment qu’il a de la compagnie » Et nous serons certainement tous d’accord que, comparées aux poupées, la compagnie des animaux est ô combien plus agréable et même plus naturelle .Mais cela n’en fait pas des êtres humains, qui restent irremplaçables pour la communication.

Oui, les animaux sont presque comme un autre moi. Mais le sens de leur existence et même leur apport à nos vies reposent seulement sur leur statut d’animal. Vouloir remplacer les êtres humains constitue une impasse. Pour une vie pleine et de qualité nous avons besoin de toutes les formes de communication sociale. Ne faisons pas des animaux, des êtres humains et ne permettons pas qu’à cause de cette chimère les êtres humains se mettent au niveau des animaux.



(The End)


Traduit par Guy Chayvialle

Wednesday, December 2, 2009

Essay in French V

NOTRE AUTRE MOI

(PART V)

Essay by Gustáv Murín

Où en sommes nous arrivés?

Chez certaines personnes les animaux remplacent d’autres personnes qui leur manquent pour diverses raisons. Leurs chéris sont vraiment des « personnes idéales » justement parce qu’elles sont totalement dépendantes de leurs maîtres. Elles sont aimées aussi car muettes. Autrement, elles prendraient conscience que leurs maîtres et l’amour qu’ils leur portent sont très surprenants et inamicaux.

Mais il ne convient pas d’accuser les individus pour cette forte violation de la réalité. Nous devrions plutôt la recevoir comme un sérieux signal d’alerte sur l’état de la société, où trop de gens esseulés, isolés, non communicants se retrouvent au milieu d’une foule toujours plus dense. Cette substitution d’animaux à la communauté humaine nous dit quelque chose de primordial. Un certain David Watts de Caroline du Nord a remplacé la compagnie des hommes par un troupeau de moutons, qui a emménagé au rez-de-chaussée de sa maison. Jusqu’à quatre-vingt de ces moutons s’entassaient sur le sol recouvert de paille et d’aliments. Lors de l’intervention de la police, il s’avéra pourtant que cet amour avait ses limites, car certains moutons étaient en si mauvais état, qu’il fallut les euthanasier. Pareille mésaventure ne menaçait pas le petit chien appartenant à un couple de retraités de la ville indienne de Hyderabad, qui l’aimaient comme leur propre enfant qu’ils n’avaient pas eu. De plus ils restaient à l’écart de l’existence humaine et ce petit chien était leur seul joie de vivre .Lorsqu’il mourut et qu’ils l’eurent mis en terre cérémonieusement, ils se firent disparaître aussi. Aucun doute ne pèse sur cette raison de leur mort, puisqu’ils laissèrent une lettre d’adieu à leurs proches.

Ces deux exemples sont le produit de notre siècle, le symptôme du niveau atteint par notre civilisation. Les animaux ne sont là que des médiateurs des informations auxquelles nous devrions prêter une oreille attentive. Sur la solitude au milieu de la foule, sur la solitude au milieu des outils techniques qui nous entourent et qui de manière étonnante nous éloignent du contact direct avec l’alentour. La technique raccourcit les distances, mais aussi elle nous écarte de ceux qui nous sont les plus proches. A un tel point que nous communiquons chaque jour avec des gens éloignés de milliers de kilomètres, mais ne connaissons pas nos propres voisins. Nous ne passons pas de bon temps avec eux, nous ne vivons déjà plus dans les familles d’antan que les animaux remplacent.


Proches du chien ?

Mais le pire est de faire face à l’énorme quantité de ces relations de remplacement, qui débouchent sur un raccourci de la pensée, qui est, dommage !, logique. La Britannique Dominique Lebirel assure : « De nos jours, il est très difficile de nouer une relation sérieuse et durable. Les divorces sont à la mode, lors du mariage souvent domine la crainte de savoir si c’est pour toute la vie ». On ne peut qu’être d’accord avec cela. Mais dans les constructions intellectuelles raccourcies, même une observation correcte peut aboutir à une conclusion très choquante La femme écrivain mentionnée indépendante ajoute: « Les animaux sont bien plus fidèles que les êtres humains Ils ne nous abandonnent pas dans les situations graves, ne nous trahissent jamais et leur amour est sans conditions. Alors la conclusion logique ? Cette femme, après des échecs avec les hommes, leur a trouvé un substitut avec une corneille, deux chats et une chèvre, mais avant tout avec le mariage des animaux et des êtres humains. Elle n’est pas la seule. Sous le slogan MarryYourPet vous trouvez sur Internet des dizaines de pages Web de petites annonces de ce service et même une dite révérend Mathilde, qui est sûrement une routinière de la célébration de ces couples mal assortis.

Mais par bonheur sur Internet on trouve plus de blagues sur ce thème, qu’en réalité de sérieuses « love stories » avec « happy-end » dans la salle de mariages de Dominique, ou Mathilde, l’entremetteuse.




(to be continued)